quarta-feira, 9 de setembro de 2015

NUVEM ESCURA EM PLENO SETEMBRO


NUVEM ESCURA EM PLENO SETEMBRO
Ysolda Cabral



Na linha do horizonte, bem à minha frente, há uma nuvem escura, pesada…. – Em pleno setembro?

Há um clima meio frio, esquisito e as garças, que vejo à minha esquerda, pousadas no mangue, ou na lama do rio seco, não se mechem…. – Será que estão mortas, ou se protegem da sujeira? Deus queira que não comam nada! Vai que morrem como os pinguins argentinos, quando mal chegam no Rio Grande? – Verdadeira mortandade. – Nossa, que tristeza! Que calamidade!

Olho o relógio, no meu braço, e o vejo parado, tal qual a minha pulsação neste momento. – Será que estou morta?

Quanto ao Mar…. Não sei! – Hoje esqueci de olhar, quando acordei sem o canto dos pássaros….

O que será que aconteceu? Ontem o dia foi tão lindo, tão claro, tão azul, tão dourado!….

Para onde foram as cores? E as flores, das acácias por onde passei, alguém viu? Olhei para o chão, a procura de algum rastro, alguma folha, uma flor caída…. – Nada vi! (As mulheres garis – mães pobres, sofredoras, que não existem no Parnaso –, já passaram…. ) - Será que as levaram? – Tomara!...

No retrovisor, apenas um olhar: o meu a olhar para o nada. 

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Ponte do Cabanga
Recife-PE
3a.feira – 08.09.2015
Às 06:00h 


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Obs. Às 08:35h o dia clareou! 

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