sexta-feira, 9 de outubro de 2015

NA CANOA DO TEMPO





NA CANOA DO TEMPO
Ysolda Cabral



A tarde caminhava lenta, quente, sem nenhum frescor. As árvores não se mexiam e nenhum pássaro eu avistava, ou ouvia. Parecia outra cidade, outro tempo, outra casa, outro quarto, outra eu... Pois se nem o Mar dava sinal de vida!... Por uma fração de segundo pensei não estar ali... Com a tarde eu caminhava, sem saber para onde ir. E, sem saber se seguia em frente, ou se voltava, me senti fora de mim... Contudo, como a direção não importava tanto, resolvi me balançar no tempo, tal qual canoa a navegar, num mar hipotético, quase parado, a desbravar o inusitado “Mundo do Sol de Meio-dia”, num parque de diversão fechado. Isso me doía e doía mais na saudade que eu sentia. E, no pra lá e pra cá da canoa, num tempo impreciso, entontecida de desorientação, escutei alguém falar ao meu ouvido: '' Acorde! Você está dormindo. '' Acordei! Estava sozinha. No parapeito da minha janela, o mesmo passarinho, do papinho amarelo, saltitava contente. Sorri e lhe perguntei: foi você? Ele voou resposta.

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Praia de Candeias-PE
Numa sesta de sexta-feira
09.10.2015

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