Foto: Ysolda
O AMOR DO GUARDIÃO
Ysolda Cabral
Com a paisagem se juntou o Guardião, fazendo a diferença, e, ao mesmo tempo em que nos passava segurança, também, nos passava certo receio. - Não sabíamos quem era e nem de onde veio!
Assim, convivemos com ele por um bom período, esquecidos de marcar o andar do Tempo. Nele, tive a oportunidade de observá-lo várias vezes, por vários dias. - Devo esclarecer que sempre soube da fidelidade canina. Contudo, a do Guardião pela moça bonita do primeiro pavimento, foi algo inexplicável e nunca visto por ninguém nas redondezas.
Dias de sol e muito calor; dias de chuva forte, com Ventos bravios, cheirando a Mar revolto,,, passaram por aqui levando e lavando tudo! E ele lá, firme e forte, em nosso portão, a caminhar, para lá e para cá, quase que sem descanso, esperando que a moça bonita o recolhesse.
Poucas vezes ela apareceu para lhe dar um pouco de alimento e lhe fazer um carinho fortuito. Nessas ocasiões, pensei que ele fosse morrer de tanta alegria... Entretanto, sem, sequer, tocá-la! - Nunca vi amor igual, tão bonito e tão dedicado!
Guardião fez de tudo para ser adotado pela dona absoluta do seu coração... Tomou conta do prédio, fez gracinha, fingiu, ou não, sentir dores em uma das patinhas e, como nada surtia o efeito desejado, foi ficando agressivo com as pessoas que poderiam se interessar por ele, chegando a morder algumas.
Ontem, o Guardião foi embora para longe daqui, adotado por uma pessoa de outra cidade. Foi, porque a moça bonita mandou levá-lo, pois de outra forma ele jamais iria. - Ah, não iria mesmo!
Hoje, o prédio amanheceu sem guardião, triste, desprotegido, sozinho...
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Praia de Candeias-PE
22.10.2016
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza ou saudade sem nenhum pudor.
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