domingo, 19 de março de 2017

A GOIABEIRA DA TIA OLGA





(Imagem do Google)

A GOIABEIRA DA TIA OLGA 
Ysolda Cabral 



Contava a idade de seis anos e enlouquecia mamãe com minhas peraltices. Não queria saber de estudar, por acreditar que isso podia ficar para depois. Eu só queria saber de brincar de boneca, brincar de correr, brincar de pega-pega, de esconde-esconde...

A Goiabeira, da casa de minha tia Olga, era o meu esconderijo preferido, pois além de ser uma árvore acolhedora, de galhos fortes, longos e frondosos, sabia me escutar como ninguém. Era a minha melhor amiga, além de conselheira e protetora dos castigos de mamãe, quando eu fazia por merecer. Nessas ocasiões, ela resistia até aos carinhos do Vento, sem se mexer, para não revelar minha presença ali! - Ah, que amiga mais querida!

Com ela eu passava horas e horas. Fome eu não sentia! Seus frutos eram deliciosos e davam praticamente o ano todo. Mas, como nem tudo é perfeito, certa ocasião, ao fugir do castigo de mamãe, corri até ela e não percebi que os seus novos filhos, digo galhos, já um pouco crescidos, não gostavam da minha presença, eu acho. Então, quando pisei no primeiro galhinho que encontrei na subida, agarrada no tronco da mãe Goiabeira, um deles fez questão de envergar e fui, literalmente, ao chão! Quebrei a perna esquerda e tive que passar dois ou três meses com ela engessada. Sem falar que o meu esconderijo havia sido revelado a todos da redondeza.


Praia de Candeias-PE
16.03.2017
Apenas Ysolda 
Uma pessoa que chora e ri de alegria,
tristeza, ou saudade sem pudor.